A startup francesa Gourmey submeteu a primeira aplicação para vender carne cultivada na União Europeia, solicitando a aprovação para seu foie gras cultivado. Este passo marca um avanço significativo para o setor na Europa e inicia a avaliação do produto quanto à segurança e qualidade nutricional sob o rigoroso Regulamento de Novos Alimentos da UE. A aprovação deve levar pelo menos 18 meses e, se bem-sucedida, permitirá a venda em todos os 27 estados membros, com benefícios potenciais para o meio ambiente e o bem-estar animal, além de apoiar investimentos e empregos sustentáveis (a análise detalhada sobre o que o processo envolve pode ser encontrada aqui).
A aplicação segue uma pesquisa da YouGov, encomendada pela GFI Europe, que mostrou que a maioria dos europeus apoia a carne cultivada, desde que considerada segura e nutritiva, mesmo em países onde o governo busca proibi-la. A Europa tem potencial para se tornar líder em proteínas alternativas, e a aplicação da Gourmey demonstra como a inovação pode coexistir com tradições culinárias. Com a aplicação para carne cultivada sendo avaliada na UE, torna-se vital que os especialistas regulatórios possam realizar seu trabalho, livres de interferências e posturas políticas.
Fonte: GFIEurope
Carne cultivada no Brasil
A Anvisa publicou no dia 18 de dezembro de 2023 a Resolução RDC Nº 839, que regulamenta o registro de alimentos e ingredientes inovadores, incluindo os oriundos de cultivo celular e fermentação. Esse marco regulatório, já em vigor, coloca o Brasil em uma posição de destaque internacional, abrindo caminhos para atrair investimentos em inovações alimentares sustentáveis, e nos coloca também cada vez mais próximos de lançar produtos feitos a partir dessas duas tecnologias.
O regulamento tem alcance amplo, envolvendo os critérios para avaliação de segurança para todos os novos alimentos e ingredientes, que são aqueles sem histórico de consumo por pelo menos 25 anos no país. Isso alcança muitas das diversas inovações que a engenharia de alimentos nos apresenta todos os dias e representa um importante passo na direção da regulamentação da carne cultivada no Brasil.
Com a publicação deste regulamento, a Anvisa se coloca ao lado de outros agentes reguladores, como a EFSA na União Europeia, a parceria USDA/FDA nos Estados Unidos, a SFA em Singapura e a NFS em Israel, como pioneiras em perceber a importância de definir um marco regulatório para carne cultivada baseado em ciência e favorável à inovação e aos investimentos. Foi de fundamental importância para esse posicionamento das principais agências reguladoras globais os estudos científicos desenvolvidos pela Organização Mundial de Saúde e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) nos últimos dois anos.
Fonte: GFI